Depressão e Transtorno Bipolar

Depressão e Transtorno Bipolar 2018-08-16T15:01:18+00:00

Mais conhecido como Depressão, é uma doença, um transtorno mental que apresenta uma etiologia multifatorial: fatores genéticos, neuroquímicos, ambientais, traumas, adaptações no desenvolvimento e variações hormonais. Sendo assim, é uma doença que não conhece barreiras. Qualquer pessoa, independentemente de renda, educação, raça, gênero, sucesso ou beleza, pode ficar deprimida. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2017), a depressão é um transtorno mental comum que, até 2015, atingiu cerca de 350 milhões de pessoas no mundo tendo um aumento de 18% no período de dez anos (2005 a 2015).

Depressão não é apenas um ou dois sintomas. Ela é uma constelação de diferentes pensamentos, sentimentos, comportamentos e experiências. Pode ser uma doença incapacitante.

Você sabia que…

  • A depressão afeta cerca de 350 milhões de pessoas no mundo.
  • Um milhão de pessoas se suicida a cada ano e grande parte delas sofre de depressão severa. Pessoas deprimidas têm 30 vezes mais probabilidade de se matar.
  • Menos de 10% das pessoas que sofrem de depressão recebem tratamento.
  • Existem diferentes tipos de depressão e muitas formas de estar deprimido.

De acordo com a Associação Psiquiátrica Americana, existem diferentes tipos de Transtornos Depressivos como o Transtorno Disruptivo da Desregulação do Humor, a Distimia, a Depressão Maior, Transtorno Disfórico Pré-menstrual e a Depressão como consequência de outras doenças ou induzida pelo uso de diversas substâncias. Podem ocorrer de forma sazonal quando o seu aparecimento se dá em uma época específica do ano como inverno, verão, Natal e Ano Novo ou por um evento como na depressão pós-parto.

Pode ser classificada de acordo com a intensidade, ou seja, leve, moderada e grave.

Uma observação importante a se fazer: existe a depressão do Transtorno Bipolar, que apesar de muito parecida com a depressão dos Transtornos Depressivos, tem o tratamento medicamentoso e o psicoterápico diferentes. O erro no diagnóstico, pode piorar os problemas se você tiver o Transtorno Bipolar e estiver fazendo tratamento para Transtorno Depressivo.

É uma doença, um transtorno mental com causas biológicas, neuroquímicas e psicossociais em que existe uma alteração do humor, onde a pessoa apresenta uma alternância de períodos de depressão com períodos de euforia (mania ou hipomania).

Você sabia que…

  • O Transtorno Bipolar afeta cerca de 140 milhões de pessoas no mundo.
  • O fator genético contribui para o surgimento do Transtorno Bipolar, mas filhos de pais com o transtorno podem não apresentar a doença apesar de carregarem os genes.
  • O Transtorno Bipolar aparece quase sempre antes dos 30 anos, com mais frequência entre 18 e 25 anos.
  • 50% dos portadores da doença tentam o suicídio pelo menos uma vez na vida e 15% realmente se suicidam.
  • Atualmente, as pessoas levam em média 10 anos para serem diagnosticados com transtorno bipolar. O desconhecimento, o preconceito e a autoestigmatização sobre esse transtorno do humor são os principais motivos que levam à demora.
  • Existem diferentes tipos de Transtorno Bipolar

De acordo com a Associação Psiquiátrica Americana, existem diferentes tipos de Transtorno Bipolar: Transtorno Bipolar Tipo I, Transtorno Bipolar Tipo II, Transtorno Ciclotímico, Transtorno Bipolar como consequência de outras doenças ou induzida pelo uso de diversas substâncias.

O Transtorno Bipolar Tipo I diferencia-se do de Transtorno Bipolar Tipo II pela presença de algum episódio anterior de mania. No Transtorno Ciclotímico, há vários períodos de sintomas hipomaníacos e inúmeros períodos de sintomas depressivos. O Transtorno Bipolar tipo II é diferente do Transtorno Ciclotímico pela presença de um ou mais episódios depressivos. Quando ocorre um episódio depressivo maior após os dois primeiros anos de Transtorno Ciclotímico, é estabelecido o diagnóstico adicional de Transtorno Bipolar tipo II.

Geralmente quando a depressão é leve, a maioria das pessoas tem dificuldade de percebê-la ou nem a percebe, podendo levar ao agravamento da doença.

Existe também dificuldade em reconhecer a hipomania, pois pode ser confundia com um momento de maior disposição e bem-estar ou ainda achar que os comportamentos explosivos e irritadiços fazem parte só da personalidade da pessoa – “ele é estouradão! Ela é pavio curto! Ele é arrogante!”

Ainda não há exames específicos para detectar a Depressão ou o Transtorno Bipolar, embora existam estudos e pesquisas em andamento. Por isso é importante procurar um psiquiatra para investigar ao notar mudanças no comportamento e no humor da pessoa.

As manifestações não são iguais para todas as pessoas, mas os sintomas mais comuns são:

Depressão (tanto nos Transtornos Depressivos como no Transtorno Bipolar)

  • Sentimentos persistentes de inutilidade, rejeição, angústia, vazio e/ou culpa
  • Pessimismo e desesperança
  • Desânimo e choro significativos
  • Dificuldade de concentração ou de tomar decisões devido insegurança, medos e indecisões
  • Baixa autoestima
  • Fadiga, cansaço ou baixa energia
  • Insônia ou hipersonia (sono aumentado)
  • Perda de apetite, perda de peso ou ganho de peso
  • Inibição geral das funções, lentidão na fala e nos movimentos
  • Pensamentos de morte ou de suicídio
  • Irritabilidade, explosões de raiva, ansiedade ou inquietação
  • Diminuição da libido
  • Incapacidade de sentir prazer em atividades que antes da depressão eram agradáveis
  • Isolamento social
  • Dores e outros sintomas físicos geralmente não justificados por outros problemas médicos, tais como, cefaleias, sintomas gastrintestinais, dores pelo corpo, pressão no peito

Mania e Hipomania (os sintomas são os mesmos, mas na Hipomania, a pessoa não tem sintomas psicóticos e o episódio tem menor gravidade, onde não causa prejuízo acentuado no funcionamento social ou profissional ou não necessita de hospitalização e/ou internação para a prevenção de danos a si ou a outras pessoas).

  • Autoestima excessivamente elevada – alegria e bem-estar inabaláveis
  • Irritabilidade e/ou agressividade
  • Sentimento de grandeza – a pessoa imagina que é especial ou possui habilidades especiais, é capaz de considerar-se um escolhido por Deus, uma celebridade, um líder político (delírios)
  • Sente-se invencível, acha que nada poderá detê-la
  • O senso de perigo fica comprometido, e envolve-se em atividade que apresentam tanto risco para integridade física como patrimonial: gastos e compras desenfreados, comportamentos sexuais de risco, investimentos financeiros insensatos, situações de perigo para os outros e a si próprio (pela ausência do medo)
  • A pessoa pode se envolver em vários projetos novos ao mesmo tempo
  • Muita energia – mesmo sendo produtiva, existe uma hiperatividade, não consegue ficar parada, sentada por mais do que alguns minutos ou relaxar
  • A pessoa fala rápido e fala mais do que o habitual
  • Seus pensamentos parecem acelerados com um “turbilhão de idéias”
  • A necessidade de sono nessa fase é menor
  • Mesmo estando alegre, explosões de raiva podem acontecer

Em crianças e adolescentes, os sintomas são os mesmos, porém podem ser confundidos com falta de educação, birra, agressividade, irritabilidade, falta de motivação, mau humor, tristeza ou muita energia, animação e ansiedade e isso acontece porque geralmente eles têm dificuldades em se expressar e nomear as próprias emoções ou por acharem que estas características são típicas da fase da adolescência.

Quando perceber que apresenta pelo menos, cinco dos sintomas deprimidos ou três dos sintomas de mania/hipomania comentados acima, por um período de duas semanas e/ou já percebe prejuízos em seu funcionamento, o ideal é que procure auxílio profissional de um psiquiatra e psicólogo para uma avaliação mais profunda e completa. Quanto antes reconhecer e tratar o transtorno, melhor!
A Psicoeducação: propõe-se informar e educar as pessoas com transtorno bipolar e depressão a respeito da doença e seu tratamento e como reconhecer os sinais de recorrência, de modo que se possa procurar uma intervenção imediata, antes que ocorra um episódio franco da doença. A psicoeducação também pode ser indicada para os membros da família.

Apesar de ser prioritário, o tratamento medicamentoso não é suficiente, pois, uma vez controlados os fatores biológicos, faz-se necessário trabalhar com a pessoa para ela recuperar sua capacidade funcional e lidar com os prejuízos acarretados pelas consequências do transtorno (perdas de emprego, de relacionamentos, de oportunidades, da autoestima e construção de uma visão negativa da vida, entre outros).

As atividades de psicoeducação tem o propósito de oferecer instrumentos para os familiares e a pessoa com transtorno bipolar e depressão lidarem com a doença e a participar ativamente de seu tratamento.

Todas as atividades e serviços oferecidos pela ABRATA são fundamentados nos princípios da psicoeducação, na valorização da história de cada um para o enfrentamento e superação dos problemas cotidianos, na melhoria da qualidade de vida e bem-estar da pessoa com depressão ou transtorno bipolar e do familiar.

A magnitude das consequências depende da combinação de uma série de fatores: idade de início (quanto mais cedo, mais compromete os estudos e a formação profissional), gravidade dos sintomas, quantidade de episódios, tratamento adequado, aceitação do tratamento, apoio familiar, associação com alcoolismo ou abuso de drogas (praticamente impossibilita o tratamento), associação com outras doenças, características de personalidade (fragilidade, imaturidade, dependência), problemas persistentes considerados sérios pela pessoa.

Antes, é importante saber que:

  • A pessoa não escolhe ter o transtorno, seja ele depressão ou bipolar e nem é culpada em tê-lo;
  • Estar depressivo não é estar triste e estar em mania, euforia não é estar alegre;
  • Não é falta de fé, religião ou de crença em um ser superior;
  • Respeito, compreensão, paciência e apoio são fundamentais;
  • Ouvir, acolher e auxiliar sem julgamentos e sem cobranças, serão incentivos importantes para a pessoa buscar, aderir e permanecer em tratamento;

A Depressão e o Transtorno bipolar têm alto impacto na vida da pessoa e de seus familiares, trazendo significativo comprometimento nos aspectos sociais, ocupacionais e em outras áreas de funcionamento. Sendo assim, o auxílio da família e dos amigos é de suma importância no suporte à pessoa com transtorno, exemplos:

  • Ao notarem mudanças no comportamento da pessoa, antes de tudo, procure estar informado sobre as características da doença para que quando for conversar com a pessoa, consiga fazer uma comparação dos sintomas com os comportamentos dela.
  • Oriente e encoraje-a a buscar ajuda profissional;
  • Acompanhá-la nas consultas pode ser uma forma de ajuda-la e se mostrar disponível;
  • Ajudá-la a seguir as orientações médicas e psicoterápicas;
  • Comunicar os profissionais que fazem o acompanhamento da pessoa em caso de suspeita de ideias, comportamentos e tentativas de suicídio e desesperança.
  • Convidá-la para participar de atividades prazerosas, porém sem cobrança excessiva;
  • Incentivá-la a adotar um estilo de vida saudável;
  • Ajudá-la a perceber os “gatilhos”;
  • Diminuir, na medida do possível, os impactos de eventos estressores sobre a pessoa;
  • Lembrá-la de tomar o remédio;
  • Estabelecer algumas regras de proteção durante fases de normalidade do humor, como retenção de cheques e cartões de crédito em fase de mania; auxiliar a manter boa higiene de sono; evitar drogas e álcool;
  • Ao observar sinais de resistência ou piora, acionar os profissionais que fazem o acompanhamento e alertá-los – isso pode evitar o agravamento, uma recaída ou até a interrupção do tratamento.
  • Construir uma rede de assistência para si mesmo já que é muito comum surgirem dificuldades no lidar com a pessoa uma vez que ela pode apresentar pensamentos negativos, falta de esperança, agressividade e resistência ao tratamento.

Os fatores variam de pessoa a pessoa, mas algumas mudanças significativas ou situações estressantes devem ser alertadas, como:

  • Perdas: doença, morte de alguém importante na vida da pessoa, separação, desemprego, dificuldades financeiras;
  • Ganhos: casamento, reconciliação, gravidez, nascimento, melhora de padrão financeiro;
  • Privação de sono;
  • Alteração de fuso horário;
  • Uso de álcool e drogas;
  • Parada ou diminuição da medicação.

A pessoa mais interessada no próprio bem-estar é quem está doente. A pessoa com Transtorno Bipolar ou Depressão tem uma doença que costuma durar a vida toda, que se mantém sob controle com tratamento adequado.

Ninguém pode forçá-la, a não ser em situações que ponham em risco a sua segurança ou a de outros. Portanto, se você é apresenta o Transtorno Bipolar ou de Depressão:

  • Comprometa-se com o tratamento – discuta dúvidas com seu médico, eficácia dos medicamentos, possíveis efeitos colaterais e intolerância a esses efeitos;
  • Mantenha uma rotina de sono – mudanças no sono ou redução do tempo total de sono podem desestabilizar a doença; converse com seu médico, caso precise mudar o hábito de dormir;
  • Evite álcool e drogas – além de interagirem com algumas medicações, também agem no cérebro, aumentando o risco de desestabilização da doença; se tiver insônia ou inquietação, não se automedique – converse com seu médico;
  • Evite outras substâncias que possam causar oscilações no seu humor, como café em excesso, drinques, antigripais, antialérgicos ou analgésicos – eles podem ser o estopim de novo episódio da doença;
  • Enfrente os sintomas sem preconceito – discuta com seu médico sobre eles;
  • Se não estiver podendo trabalhar, converse com uma pessoa de confiança sobre o seu Transtorno. É mais sensato tirar uma licença, conversar com a família ou com o seu gestor, e se permitir convalescer;
  • Lembre-se: você está bem por tomar a medicação; se parar de tomá-la, mesmo após 5 ou 10 anos, os sintomas podem voltar sem prévio aviso. É preciso manter-se alerta para o aparecimento dos primeiros sinais, como insônia e irritabilidade;
  • Há indícios de que quanto mais crises da doença a pessoa tiver, mais ela continuará tendo e a gravidade aumenta. Por isso, procure participar ativamente do tratamento;
  • Descubra seus sintomas iniciais de nova crise depressiva ou maníaca – tome nota e avise imediatamente seu médico;
  • Aproveite períodos de bem-estar para redescobrir como você de fato é; como são os sentimentos de tristeza, alegria, disposição e como você lida com seus problemas;
  • Quanto mais você conhecer a doença, melhor você poderá controlar os sintomas no período inicial. Proteja-se: evite estímulos de risco em potencial, como decisões importantes, relações sexuais sem preservativos, projetos ambiciosos, gastos – ponha seus planos no papel e espere para executá-los quando se reequilibrar; procure canalizar hiperatividade ou ideias negativas para atividade física ou manual; se estiver deprimido, dê-se um empurrão, pois a iniciativa está em baixa;
  • Procure e aceite ajuda da família e dos amigos quando perceber que não consegue se cuidar sozinho.
  • É comum querer parar o tratamento, ou porque vai tudo bem, ou porque não está dando certo. Procure conversar com outras pessoas com o mesmo problema, que já passaram por isso. Lembre-se de como era seu sofrimento; discuta com a família se valeria a pena buscar uma segunda opinião sobre o diagnóstico e o tratamento.
  1. Justo LP, Calil HM, Intervenções Psicossociais no transtorno bipolar. Revista de Psiquiatria Clínica 31, n. 2, pp. 91-99, 2004.
  2. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition – DSM-5.
  3. LEAHY, Robert. Vença a depressão antes que ela vença você. Porto Alegre: Artmed, 2015.
  4. BASCO, M. R. Vencendo o transtorno bipolar com a terapia cognitivo-comportamental: manual do paciente. Porto Alegre: Artmed, 2009.
  5. MORENO, R.A. et al. Aprendendo a viver com o transtorno bipolar: manual educativo. Porto Alegre: Artmed, 2015.
  6. BRASIL. Organização Mundial da Saúde. Disponível em: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5385:com-depressao-no-topo-da-lista-de-causas-de-problemas-de-saude-oms-lanca-a-campanha-vamos-conversar&Itemid=839 Acesso em 19 de maio de 2018.

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