Mais conhecido como Depressão, é uma doença, um transtorno mental que apresenta uma etiologia multifatorial: fatores genéticos, neuroquímicos, ambientais, traumas, adaptações no desenvolvimento e variações hormonais. Sendo assim, é uma doença que não conhece barreiras. Qualquer pessoa, independentemente de renda, educação, raça, gênero, sucesso ou beleza, pode ficar deprimida. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2017), a depressão é um transtorno mental comum que, até 2015, atingiu cerca de 350 milhões de pessoas no mundo tendo um aumento de 18% no período de dez anos (2005 a 2015).
Depressão não é apenas um ou dois sintomas. Ela é uma constelação de diferentes pensamentos, sentimentos, comportamentos e experiências. Pode ser uma doença incapacitante.
Você sabia que…
- A depressão afeta cerca de 350 milhões de pessoas no mundo.
- Um milhão de pessoas se suicida a cada ano e grande parte delas sofre de depressão severa. Pessoas deprimidas têm 30 vezes mais probabilidade de se matar.
- Menos de 10% das pessoas que sofrem de depressão recebem tratamento.
- Existem diferentes tipos de depressão e muitas formas de estar deprimido.
De acordo com a Associação Psiquiátrica Americana, existem diferentes tipos de Transtornos Depressivos como o Transtorno Disruptivo da Desregulação do Humor, a Distimia, a Depressão Maior, Transtorno Disfórico Pré-menstrual e a Depressão como consequência de outras doenças ou induzida pelo uso de diversas substâncias. Podem ocorrer de forma sazonal quando o seu aparecimento se dá em uma época específica do ano como inverno, verão, Natal e Ano Novo ou por um evento como na depressão pós-parto.
Pode ser classificada de acordo com a intensidade, ou seja, leve, moderada e grave.
Uma observação importante a se fazer: existe a depressão do Transtorno Bipolar, que apesar de muito parecida com a depressão dos Transtornos Depressivos, tem o tratamento medicamentoso e o psicoterápico diferentes. O erro no diagnóstico, pode piorar os problemas se você tiver o Transtorno Bipolar e estiver fazendo tratamento para Transtorno Depressivo.
Você sabia que…
- O Transtorno Bipolar afeta cerca de 140 milhões de pessoas no mundo.
- O fator genético contribui para o surgimento do Transtorno Bipolar, mas filhos de pais com o transtorno podem não apresentar a doença apesar de carregarem os genes.
- O Transtorno Bipolar aparece quase sempre antes dos 30 anos, com mais frequência entre 18 e 25 anos.
- 50% dos portadores da doença tentam o suicídio pelo menos uma vez na vida e 15% realmente se suicidam.
- Atualmente, as pessoas levam em média 10 anos para serem diagnosticados com transtorno bipolar. O desconhecimento, o preconceito e a autoestigmatização sobre esse transtorno do humor são os principais motivos que levam à demora.
- Existem diferentes tipos de Transtorno Bipolar
De acordo com a Associação Psiquiátrica Americana, existem diferentes tipos de Transtorno Bipolar: Transtorno Bipolar Tipo I, Transtorno Bipolar Tipo II, Transtorno Ciclotímico, Transtorno Bipolar como consequência de outras doenças ou induzida pelo uso de diversas substâncias.
O Transtorno Bipolar Tipo I diferencia-se do de Transtorno Bipolar Tipo II pela presença de algum episódio anterior de mania. No Transtorno Ciclotímico, há vários períodos de sintomas hipomaníacos e inúmeros períodos de sintomas depressivos. O Transtorno Bipolar tipo II é diferente do Transtorno Ciclotímico pela presença de um ou mais episódios depressivos. Quando ocorre um episódio depressivo maior após os dois primeiros anos de Transtorno Ciclotímico, é estabelecido o diagnóstico adicional de Transtorno Bipolar tipo II.
Existe também dificuldade em reconhecer a hipomania, pois pode ser confundia com um momento de maior disposição e bem-estar ou ainda achar que os comportamentos explosivos e irritadiços fazem parte só da personalidade da pessoa – “ele é estouradão! Ela é pavio curto! Ele é arrogante!”
Ainda não há exames específicos para detectar a Depressão ou o Transtorno Bipolar, embora existam estudos e pesquisas em andamento. Por isso é importante procurar um psiquiatra para investigar ao notar mudanças no comportamento e no humor da pessoa.
As manifestações não são iguais para todas as pessoas, mas os sintomas mais comuns são:
Depressão (tanto nos Transtornos Depressivos como no Transtorno Bipolar)
- Sentimentos persistentes de inutilidade, rejeição, angústia, vazio e/ou culpa
- Pessimismo e desesperança
- Desânimo e choro significativos
- Dificuldade de concentração ou de tomar decisões devido insegurança, medos e indecisões
- Baixa autoestima
- Fadiga, cansaço ou baixa energia
- Insônia ou hipersonia (sono aumentado)
- Perda de apetite, perda de peso ou ganho de peso
- Inibição geral das funções, lentidão na fala e nos movimentos
- Pensamentos de morte ou de suicídio
- Irritabilidade, explosões de raiva, ansiedade ou inquietação
- Diminuição da libido
- Incapacidade de sentir prazer em atividades que antes da depressão eram agradáveis
- Isolamento social
- Dores e outros sintomas físicos geralmente não justificados por outros problemas médicos, tais como, cefaleias, sintomas gastrintestinais, dores pelo corpo, pressão no peito
Mania e Hipomania (os sintomas são os mesmos, mas na Hipomania, a pessoa não tem sintomas psicóticos e o episódio tem menor gravidade, onde não causa prejuízo acentuado no funcionamento social ou profissional ou não necessita de hospitalização e/ou internação para a prevenção de danos a si ou a outras pessoas).
- Autoestima excessivamente elevada – alegria e bem-estar inabaláveis
- Irritabilidade e/ou agressividade
- Sentimento de grandeza – a pessoa imagina que é especial ou possui habilidades especiais, é capaz de considerar-se um escolhido por Deus, uma celebridade, um líder político (delírios)
- Sente-se invencível, acha que nada poderá detê-la
- O senso de perigo fica comprometido, e envolve-se em atividade que apresentam tanto risco para integridade física como patrimonial: gastos e compras desenfreados, comportamentos sexuais de risco, investimentos financeiros insensatos, situações de perigo para os outros e a si próprio (pela ausência do medo)
- A pessoa pode se envolver em vários projetos novos ao mesmo tempo
- Muita energia – mesmo sendo produtiva, existe uma hiperatividade, não consegue ficar parada, sentada por mais do que alguns minutos ou relaxar
- A pessoa fala rápido e fala mais do que o habitual
- Seus pensamentos parecem acelerados com um “turbilhão de idéias”
- A necessidade de sono nessa fase é menor
- Mesmo estando alegre, explosões de raiva podem acontecer
Em crianças e adolescentes, os sintomas são os mesmos, porém podem ser confundidos com falta de educação, birra, agressividade, irritabilidade, falta de motivação, mau humor, tristeza ou muita energia, animação e ansiedade e isso acontece porque geralmente eles têm dificuldades em se expressar e nomear as próprias emoções ou por acharem que estas características são típicas da fase da adolescência.
Apesar de ser prioritário, o tratamento medicamentoso não é suficiente, pois, uma vez controlados os fatores biológicos, faz-se necessário trabalhar com a pessoa para ela recuperar sua capacidade funcional e lidar com os prejuízos acarretados pelas consequências do transtorno (perdas de emprego, de relacionamentos, de oportunidades, da autoestima e construção de uma visão negativa da vida, entre outros).
As atividades de psicoeducação tem o propósito de oferecer instrumentos para os familiares e a pessoa com transtorno bipolar e depressão lidarem com a doença e a participar ativamente de seu tratamento.
Todas as atividades e serviços oferecidos pela ABRATA são fundamentados nos princípios da psicoeducação, na valorização da história de cada um para o enfrentamento e superação dos problemas cotidianos, na melhoria da qualidade de vida e bem-estar da pessoa com depressão ou transtorno bipolar e do familiar.
Antes, é importante saber que:
- A pessoa não escolhe ter o transtorno, seja ele depressão ou bipolar e nem é culpada em tê-lo;
- Estar depressivo não é estar triste e estar em mania, euforia não é estar alegre;
- Não é falta de fé, religião ou de crença em um ser superior;
- Respeito, compreensão, paciência e apoio são fundamentais;
- Ouvir, acolher e auxiliar sem julgamentos e sem cobranças, serão incentivos importantes para a pessoa buscar, aderir e permanecer em tratamento;
A Depressão e o Transtorno bipolar têm alto impacto na vida da pessoa e de seus familiares, trazendo significativo comprometimento nos aspectos sociais, ocupacionais e em outras áreas de funcionamento. Sendo assim, o auxílio da família e dos amigos é de suma importância no suporte à pessoa com transtorno, exemplos:
- Ao notarem mudanças no comportamento da pessoa, antes de tudo, procure estar informado sobre as características da doença para que quando for conversar com a pessoa, consiga fazer uma comparação dos sintomas com os comportamentos dela.
- Oriente e encoraje-a a buscar ajuda profissional;
- Acompanhá-la nas consultas pode ser uma forma de ajuda-la e se mostrar disponível;
- Ajudá-la a seguir as orientações médicas e psicoterápicas;
- Comunicar os profissionais que fazem o acompanhamento da pessoa em caso de suspeita de ideias, comportamentos e tentativas de suicídio e desesperança.
- Convidá-la para participar de atividades prazerosas, porém sem cobrança excessiva;
- Incentivá-la a adotar um estilo de vida saudável;
- Ajudá-la a perceber os “gatilhos”;
- Diminuir, na medida do possível, os impactos de eventos estressores sobre a pessoa;
- Lembrá-la de tomar o remédio;
- Estabelecer algumas regras de proteção durante fases de normalidade do humor, como retenção de cheques e cartões de crédito em fase de mania; auxiliar a manter boa higiene de sono; evitar drogas e álcool;
- Ao observar sinais de resistência ou piora, acionar os profissionais que fazem o acompanhamento e alertá-los – isso pode evitar o agravamento, uma recaída ou até a interrupção do tratamento.
- Construir uma rede de assistência para si mesmo já que é muito comum surgirem dificuldades no lidar com a pessoa uma vez que ela pode apresentar pensamentos negativos, falta de esperança, agressividade e resistência ao tratamento.
Os fatores variam de pessoa a pessoa, mas algumas mudanças significativas ou situações estressantes devem ser alertadas, como:
- Perdas: doença, morte de alguém importante na vida da pessoa, separação, desemprego, dificuldades financeiras;
- Ganhos: casamento, reconciliação, gravidez, nascimento, melhora de padrão financeiro;
- Privação de sono;
- Alteração de fuso horário;
- Uso de álcool e drogas;
- Parada ou diminuição da medicação.
A pessoa mais interessada no próprio bem-estar é quem está doente. A pessoa com Transtorno Bipolar ou Depressão tem uma doença que costuma durar a vida toda, que se mantém sob controle com tratamento adequado.
Ninguém pode forçá-la, a não ser em situações que ponham em risco a sua segurança ou a de outros. Portanto, se você é apresenta o Transtorno Bipolar ou de Depressão:
- Comprometa-se com o tratamento – discuta dúvidas com seu médico, eficácia dos medicamentos, possíveis efeitos colaterais e intolerância a esses efeitos;
- Mantenha uma rotina de sono – mudanças no sono ou redução do tempo total de sono podem desestabilizar a doença; converse com seu médico, caso precise mudar o hábito de dormir;
- Evite álcool e drogas – além de interagirem com algumas medicações, também agem no cérebro, aumentando o risco de desestabilização da doença; se tiver insônia ou inquietação, não se automedique – converse com seu médico;
- Evite outras substâncias que possam causar oscilações no seu humor, como café em excesso, drinques, antigripais, antialérgicos ou analgésicos – eles podem ser o estopim de novo episódio da doença;
- Enfrente os sintomas sem preconceito – discuta com seu médico sobre eles;
- Se não estiver podendo trabalhar, converse com uma pessoa de confiança sobre o seu Transtorno. É mais sensato tirar uma licença, conversar com a família ou com o seu gestor, e se permitir convalescer;
- Lembre-se: você está bem por tomar a medicação; se parar de tomá-la, mesmo após 5 ou 10 anos, os sintomas podem voltar sem prévio aviso. É preciso manter-se alerta para o aparecimento dos primeiros sinais, como insônia e irritabilidade;
- Há indícios de que quanto mais crises da doença a pessoa tiver, mais ela continuará tendo e a gravidade aumenta. Por isso, procure participar ativamente do tratamento;
- Descubra seus sintomas iniciais de nova crise depressiva ou maníaca – tome nota e avise imediatamente seu médico;
- Aproveite períodos de bem-estar para redescobrir como você de fato é; como são os sentimentos de tristeza, alegria, disposição e como você lida com seus problemas;
- Quanto mais você conhecer a doença, melhor você poderá controlar os sintomas no período inicial. Proteja-se: evite estímulos de risco em potencial, como decisões importantes, relações sexuais sem preservativos, projetos ambiciosos, gastos – ponha seus planos no papel e espere para executá-los quando se reequilibrar; procure canalizar hiperatividade ou ideias negativas para atividade física ou manual; se estiver deprimido, dê-se um empurrão, pois a iniciativa está em baixa;
- Procure e aceite ajuda da família e dos amigos quando perceber que não consegue se cuidar sozinho.
- É comum querer parar o tratamento, ou porque vai tudo bem, ou porque não está dando certo. Procure conversar com outras pessoas com o mesmo problema, que já passaram por isso. Lembre-se de como era seu sofrimento; discuta com a família se valeria a pena buscar uma segunda opinião sobre o diagnóstico e o tratamento.
- Justo LP, Calil HM, Intervenções Psicossociais no transtorno bipolar. Revista de Psiquiatria Clínica 31, n. 2, pp. 91-99, 2004.
- Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition – DSM-5.
- LEAHY, Robert. Vença a depressão antes que ela vença você. Porto Alegre: Artmed, 2015.
- BASCO, M. R. Vencendo o transtorno bipolar com a terapia cognitivo-comportamental: manual do paciente. Porto Alegre: Artmed, 2009.
- MORENO, R.A. et al. Aprendendo a viver com o transtorno bipolar: manual educativo. Porto Alegre: Artmed, 2015.
- BRASIL. Organização Mundial da Saúde. Disponível em: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5385:com-depressao-no-topo-da-lista-de-causas-de-problemas-de-saude-oms-lanca-a-campanha-vamos-conversar&Itemid=839 Acesso em 19 de maio de 2018.