NOVAS PERGUNTAS MAIS FREQUENTES SOBRE TRANSTORNO DO HUMOR

Continuamos a divulgação das perguntas mais frequentes acerca do Transtorno do Humor: bipolaridade e depressão. São questionamentos que surgiram durante os eventos e atividades da ABRATA.

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7. Quais são os tratamentos não medicamentosos? –Reforçando que o tratamento de base é o medicamentoso, existem abordagens complementares e necessárias: psicoterapia individual, grupo, casal, família e ludoterapia, de acordo com a necessidade de cada caso. Vale ressaltar a importância dos grupos de apoio e das palestras psicoeducacionais.

8. Qual é o papel dos grupos de apoio e das palestras psicoeducacionais na sensibilização e na aderência ao tratamento? – Quanto mais informação os familiares e os pacientes tiverem sobre o TBH, melhor será a adesão ao tratamento e maior será o apoio da família. Para tanto, a ABRATA oferece:

  • grupos de apoio mútuo, constituídos de pessoas que apresentam problemas em comum, ligados ao transtorno afetivo, cuja finalidade é trocar experiências, compartilhar vivências, buscar soluções e prestar ajuda, apoio e conforto;
  • encontros psicoeducacionais: palestras que têm como objetivo informar e esclarecer os presentes sobre a doença;
  • interatividade entre familiares e portadores: grupo vivencial mensal com portadores e familiares de portadores. Nesses grupos são trabalhadas as relações interpessoais, no contexto familiar, que estejam sendo permeadas pelos “gatilhos” disparadores de sintomas, contrastando-se com os vínculos na ausência destes (gatilhos), para gerar relacionamentos mais saudáveis.

9. Quando a eletroconvulsoterapia (ECT) é indicada no tratamento do TBH? A ECT é um dos tratamentos antidepressivos e antimaníacos mais eficazes, indicado nos extremos da mania e da depressão, para prevenir exaustão ou suicídio, pelo rápido tempo de ação. Inclui empregar pequenas correntes de energia durante rápida aplicação de anestesia geral, para obter uma convulsão de alguns segundos de duração. Jamais deve ser considerado tratamento de última escolha, prolongando inutilmente o sofrimento pela falta de melhora com os medicamentos. É o mais seguro em gestantes e idosos e pode salvar a vida do paciente.

10. Qual é o papel da escola frente a uma criança/adolescente com TBH? – A escola informada sobre TBH pode diferenciar claramente quando o comportamento de um aluno está sendo motivado por uma alteração de humor ou quando se trata de um comportamento disciplinar inadequado. Em geral, essas crianças precisam se afastar por algum tempo da escola, em decorrência do tratamento, e apresentam efeitos adversos da medicação em sala de aula (sonolência, apatia, distração etc). Assim, a escola pode, em conjunto com a família, o médico e o terapeuta, desenvolver uma adaptação curricular que impeça a reprovação e adotar medidas conjuntas que evitem o estigma da doença.

11. Há risco de suicídio em pacientes bipolares? O TBH se caracteriza por um espectro com diversos matizes onde a doença se diferencia por graus de sintomas podendo em alguns casos o paciente apresentar uma depressão tão intensa que o leve a ideações e tentativas podendo chegar à concretização do ato suicida.

A rede de relacionamentos interpessoais ampliada deve levar em consideração todas as manifestações do paciente como passíveis de acontecer, incentivando o portador a procurar seu médico.

12. Quais as consequências advindas da falta de adesão ao tratamento? Os pacientes que não aderem ao tratamento de forma eficaz tendem a ter um maior número de episódios depressivos e maníacos/hipomaníacos e mais intensos. Podem necessitar de reinternações frequentes, causando desgaste no relacionamento interpessoal e familiar.

13. Como diferenciar sentimentos de alegria e/ou de tristeza intensos das alterações do humor devidas ao TBH? O TBH, sendo uma doença psiquiátrica, apresenta uma série de sinais e sintomas que se repetem ciclicamente ao longo do tempo e que são desproporcionais aos estímulos ambientais. A pessoa deprimida percebe que seus sentimentos se diferem de uma tristeza anteriormente sentida. Na depressão grave, ela se isola, perde o interesse por tudo. Alguns procuram ocupar-se ao máximo para distrair-se e afastar o malestar sentido. Podem ficar mal-humorados, sempre insatisfeitos com tudo. Lutam contra a depressão sem saber que sofrem dessa doença. Essa luta lhes rouba a pouca energia que lhes sobra. Com isso, ficam piores, mais irritados e impacientes.

14. As pessoas com TBH podem levar uma vida normal? – Sim, desde que sigam o tratamento corretamente e que recebam apoio de sua rede de relacionamento interpessoal ampliada, como familiares, amigos e grupos de apoio.

15. As mulheres grávidas podem receber tratamento medicamentoso durante a gravidez? – Sim, desde que com o consentimento da família e o acompanhamento conjunto do obstetra e do psiquiatra.

16. Quais problemas podem comprometer o tratamento? – A gravidade das consequências depende da combinação de uma série de fatores: idade de início (quanto mais cedo, mais compromete os estudos e a formação profissional), gravidade dos sintomas, quantidade de episódios, tratamento adequado, aceitação do tratamento e apoio familiar. Pode também influenciar o tratamento a associação com  transtorno bipolar do humor, alcoolismo ou abuso de drogas (comorbidades), a presença de outras doenças (alteração da tireoide, problemas renais etc.) e as características de personalidade (fragilidade, imaturidade e dependência).

17. Quais são os riscos associados ao TBH de início precoce? – O TB-IA acarreta graves problemas no funcionamento global das crianças e de seus familiares. As crianças cursam com dificuldades acadêmicas e nas relações interpessoais e apresentam maior risco para abuso de substâncias, além de problemas legais, maior frequência de comportamento suicida e também maior número de hospitalizações. Em consequência, pode-se afirmar que cerca de 60% das crianças e dos adolescentes com TB são mal diagnosticados.

18. Quais as orientações básicas que os pais devem dar aos filhos adolescentes com TBH? – O relacionamento familiar com adolescentes apresenta dificuldades inerentes à própria adolescência (não aceitar regras, querer alterar rotinas principalmente nos fins de semana, uso excessivo de substâncias psicoativas, atividades impulsivas e impensadas geradoras de perigo, desilusões amorosas, vestibular etc.). Acrescentando-se a isso os sintomas de TBH, ocorre um aumento das dificuldades intra e interfamiliares. O encaminhamento possível é a manutenção de um canal aberto para o diálogo e a negociação, lembrando sempre a importância da manutenção de rotinas quanto ao sono, alimentação,horas de estudo e lazer. Os pais devem ajudar o adolescente a identificar os gatilhos disparadores das alterações de humor e os sintomas iniciais das crises.

Fonte: Folhetos ABRATA – Autora: Dra. Sonia Palma – Psiquiatra infantil, doutoranda do Departamento de Psicobiologia da UNIFESP – SP, Voluntária e Presidente do Conselho Científico da ABRATA

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