Jurada do MasterChef chora a morte trágica dos pais: ‘Feridas abertas’

Jurada do MasterChef Brasil, a chef Paola Carosella, 43 anos, deu uma entrevista reveladora e comovente à revista Marie Claire deste mês (fevereiro). No bate-papo com a jornalista Dolores Orosco, Paola revela porquê não se arrisca a tentar na Argentina, onde nasceu e viveu até 2000, o mesmo sucesso que experimenta no Brasil. “Não tenho essa pretensão. Talvez porque lá ainda tenha feridas abertas”, diz, referindo-se às mortes trágicas dos pais _ela com 47 e ele, 56 anos. Ela chora ao lembar da morte da mãe, a advogada Irma Polverari, afogada numa piscina, e do pai, Roberto Carosella, que se enforcou um ano depois, logo que ela veio para São Paulo.

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“Vivia em Morón [Grande Buenos Aires], em um bairro da periferia. Era um lugar feio e pobre, mas a nossa casa era espaçosa, ficava perto de onde meus avós paternos moravam. Foi assim até os meus 3 anos, quando meus pais se separaram. Meu pai era maníaco-depressivo e foi difícil para minha mãe manter o casamento. Como ainda não existia o divórcio legal na Argentina, meu avô deu uma grana para ela comprar um apartamento em Buenos Aires para viver comigo. Só revi meu pai três anos depois, quando já estava internado em um hospital psiquiátrico”, conta.

Paola lembra que seu avô paterno, “um imigrante italiano bruto e pró-Mussolini”, não aceitava o fato de o filho ter problemas mentais. “Era uma vergonha”, lembra. Apesar de terem boas condições financeiras, os Carosellas se recusavam a ajudar no tratamento do filho.

A chef cresceu longe do pai e quase não se lembra dele, apenas que “ele era um fofo, mas quando surtava, sumia”. Tentou restabelecer a convivência já adulta. “Quando perdi minha mãe, em 1999, me aproximei dele e tentei ajudá-lo. Meus avós o haviam deserdado e, toda vez que ele surtava, o internavam em manicômios públicos, uns lugares terríveis…”, relata.

Paola pretendia comprar um apartamento para o pai quando foi convidada para trabalhar em São Paulo, no resturante A Figueira Rubayat. “Minha vida virou de cabeça para baixo! Sem falar português, chefiava uma cozinha que atendia 1.500 clientes diariamente. Mas avisei meu pai: ‘Vou deixar nosso plano em stand-by e volto para a gente retomar’. Mas ele não segurou a onda e se sucidiou”.

A morte da mãe ocorreu em circurstâncias nunca esclarecidas, diz Paola à Marie Claire. Ela morreu afogada na piscina da casa em que morava. “Eu estava trabalhando, não tinha ninguém em casa. Acho difícil que ela tenha se matado, apesar de saber que não era feliz. Provavelmente, foi um desmaio na piscina, talvez pelo efeito de um antidepressivo, por não ter comido direito, uma hipglicemia… Acho que ela se deixou ir”, lamenta.

A convivência com a mãe não foi fácil, lembra a jurada do MasterChef. “Nossa relação, apesar de amorosa, sempre foi de confronto. Minha mãe era genial e divertida. Mas, quando ficava down, era muito down! Ela sofria de uma bipolaridade não diagnosticada, era workaholic e depressiva. Trabalhava duro, mas, quando chegava o sábado, trancava-se no quarto e só saía na segunda, para voltar ao escritório. Era pesado conviver com ela”.

Paola chora ao lembrar que poderia ter a mãe, hoje com 63 anos, “linda e inteligente”, a ajudando a cuidar de Francesca, sua filha de quatro anos. Na entrevista, a chef fala da filha, do namorado que vive em Londres, do assédio que sofreu quando era garota e da dificuldade de ser chef de cozinha, um ambiente dominado por homens. A íntegra do material está aqui.

Fonte: http://noticiasdatv.uol.com.br/noticia/celebridades/jurada-do-masterchef-chora-morte-tragica-dos-pais-feridas-abertas-10576#ixzz435nbsTun

Entrevista íntegra: Publicado em 29/02/2016

http://revistamarieclaire.globo.com/Celebridades/noticia/2016/02/paola-carosella-fala-das-perdas-tragicas-dos-pais-de-assedio-e-do-desafio-nas-cozinhas-ser-mulher-e-f.html

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4 Comentários

  1. Nadia Virginia 16 de março de 2016 às 16:31 - Responder

    Admiro imensamente a postura da Chef Paola. Acompanhei alguns episódios do Master Chef com crianças e pude ver o cuidado e carinho com os pequenos para não causar frustrações das expectativas que tinha do concurso. Uma pessoa assim, sabe o que é sofrer e, por isso, não deseja fazer com que outros também sofram.
    Sinto pela sua história, sei o que é bipolaridade e, isso é doloroso, tanto para que carrega os sintomas quanto para a família.
    receba o meu carinho e abraço.
    Nadia Vi.

    • Equipe Abrata 28 de abril de 2016 às 17:03 - Responder

      Nadia

      Agradecemos o seu contato.
      Abraços
      Equipe ABRATA

  2. Anônimo 14 de julho de 2016 às 15:50 - Responder

    Gostaria de compartilhar minha experiência no sentido de fortalecer outras pessoas que estejam passando pela mesma situação que eu passei, principalmente pelo fato de ter, na fase final do meu relacionamento, ter buscado em depoimentos compartilhados aqui a força para tomar minha decisão.
    Vivi 1 ano e seis meses com um bipolar. Tivemos uma paixão avassaladora, daquelas de tirar o fôlego e não conseguir fazer mais nada, além de dar atenção um ao outro. Fomos morar juntos rapidamente e meu companheiro tinha profunda devoção por mim, deixou de viver a vida dele para viver em função da minha. Eram inúmeras as declarações e os gestos de amor. Algo para deixar qualquer mulher louca.
    Mas logo começaram as crises de ciúme e, junto com o ciúme, o profundo desrespeito. O desrespeito era externado através de ofensas e xingamentos às pessoas que o incomodavam e a mim também. O amor, na minha avaliação, era maior e poderia superar isso. Com o tempo, as provocações me tiravam do sério e faziam com que eu perdesse a cabeça também, ele começou a despertar o pior de mim. E eu dizia que ele era capaz de me levar do céu ao inferno. Isso acontecia mesmo ele ciente do diagnóstico da bipolaridade e tomando quetiapina e outras drogas para dormir.
    Resolvi terminar o relacionamento, mas logo após um mês voltamos, sob a minha insistência, pois sentia muita falta do cuidado e do carinho dispensados.
    No entanto, na volta, para a minha surpresa, meu companheiro voltou transformado. A rotina foi de muito desprezo, aumento dos xingamentos, desconsideração pela minha família, falta de comprometimento com as responsabilidades de casa, impaciência, situações de violência e traição. Em pouco mais de um mês, me senti entrando num processo de adoecimento, emagreci quase 7 quilos e a depressão tomou conta de mim, eu me sentia sem forças para nada. De repente, toda a minha alegria de viver e tudo o que eu havia construído estavam em risco por uma relação danosa.
    Foi quando da descoberta da traição e dos absurdos cometidos por ele, como dar dinheiro a namorada, etc, tomei forças para terminar o relacionamento.
    Ainda fará um mês o término, mas hoje digo que me sinto outra pessoa, recuperando minha identidade, sorrindo a toa, o turbilhão passou.
    Então, acredito que meu exemplo pode servir a quem, infelizmente, está nessa situação, porque infelizmente, ao invés de um doente, resolvendo encarar essa barra, você está decidindo por ter uma família doente. Li os depoimentos de muitas mulheres e eu me sentia entrando num caminho sem volta…Reflita! Esse caminho pode ser reconstruído, antes que você seja a próxima a adoecer, antes que seus filhos sejam os próximos a viver em um ambiente de dor e conflitos. Espero que eu ajude alguma mulher neste Brasil que esteja passando por esta situação e indecisa, assim como eu me alimentei de muitos depoimentos expostos aqui para me fortalecer na minha decisão.

    • Equipe Abrata 17 de julho de 2016 às 11:25 - Responder

      Querida Anônima

      Agradecemos o seu sincero depoimento. Sempre aprendemos!
      Da mesma foram que recebemos depoimentos de relacionamentos conjugais com pessoas que apresentam o transtorno bipolar que “não deram certo”, também recebemos depoimentos de casais que convivem diariamente com a doença e apesar disso conseguem levar a vida a frente e “estão dando certo”. Toda e qualquer situação de doença crônica exige muito de uma família. Exige emocionalmente, economicamente e traz impactos na vida profissional de todos, promove conflitos extremos, desgaste nas relações interpessoais, além de promover separações nos casamentos e rupturas diversas. Geram consequências e o sofrimento causados pela doença, as vezes inimagináveis.
      Deparar com uma doença crônica numa pessoa que amamos também nos conduz a negação ou a mesmo a revolta da pessoa que acometida pela doença frente aos seus diagnósticos, que podem levar ao abandono do tratamento. Não é fácil aceitar nossas fraquezas e falibilidades.
      Mas cada de nós sabemos qual o nosso limite em relação as inúmeras que a vida nos traz e que nos obriga fazer escolhas. As vezes nada fáceis. Mas isto é o nosso viver, o ir e vir da nossa existência. Jamis perder a esperança pe essencial diante de todas as escolhas que fazemos no nosso dia a dia.
      Grande abraço
      Equipe ABRATA

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