Depressão entre jovens

Porcentagem de adultos jovens e adolescentes com o problema saltou de 8,4% para 11,3%
adolescenteAutor: Jairo Bouer | Psiquiatra

Novos dados divulgados nas últimas semanas mostram que a saúde mental dos adolescentes deve ser foco importante das autoridades nos EUA nos próximos anos. Depressão, problemas com uso de substâncias e taxas de suicídio estão em alta.

O primeiro estudo, publicado no periódico Pediatrics, revela que entre 2005 e 2014, a porcentagem de adolescentes e adultos jovens que já enfrentaram um episódio de depressão saltou de 8,4% para 11,3%. A cada ano, um em cada dez deles vai enfrentar um episódio depressivo.Os pesquisadores da Universidade de Washington e da Escola de Saúde Pública de Johns Hopkins Bloomberg, em Baltimore, levantaram dados da Pesquisa Nacional de Uso de Drogas e Saúde, investigação anual do governo americano com dados de 172 mil adolescentes (de 12 a 17 anos) e de 178 mil adultos jovens (de 18 a 25 anos). As informações foram divulgadas pelo site Live Science e pelo jornal britânico Daily Mail.Entre os adultos jovens, a faixa em que se nota um aumento mais nítido da depressão está entre 18 e 20 anos. Entre os adolescentes, o crescimento mais significativo aconteceu a partir de 2011. Em alguns Estados, a porcentagem de jovens com história recente de depressão atingiu 14%.As taxas foram mais significativas entre as garotas, sobretudo nas estudantes negras. Especialistas acreditam que o crescimento do ciberbullying pode ser uma das raízes do problema. Não estar na escola, estar desempregado, morar em um lar sem um dos pais, ou sem os dois, e, ainda, o abuso de substâncias apareceram como fatores de risco para a depressão.

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Dependência. Por falar em drogas, novo relatório do ministro da Saúde dos EUA revelou que um em cada sete americanos enfrenta hoje problemas com dependência de álcool, cigarro ou drogas. Isso implica em 21 milhões de pessoas, mais do que o número de pacientes que enfrenta o câncer naquele país. Só 10% têm acesso a tratamento. As informações são do Daily Mail.

Além dos impactos para a saúde física, o abuso de substâncias tem peso importante para a saúde mental, e é uma das principais causas para os transtornos psiquiátricos. Em um momento em que o país adota posturas mais liberais em relação ao consumo de maconha, com vários Estados assumindo legislação mais flexível, os números podem mostrar a necessidade de uma mudança cultural em relação às drogas, sobretudo nos casos em que existe padrões de abuso e dependência.

Entre os jovens, quanto mais cedo o contato com as substâncias, maiores os riscos de padrões mais complicados de consumo, bem como o impacto para a saúde mental e o desenvolvimento cognitivo, justamente em um momento em que o processo de aprendizado é tão importante.

Taxas de suicídio em alta. Dados divulgados recentemente pelos Centros de Controle e Prevenção dos EUA (CDC) mostram que na faixa dos 10 aos 14 anos, o suicídio já superou os acidentes de trânsito como principal causa de morte. Em parte, o fenômeno é explicado pela redução significativa dos acidentes fatais (que caíram pela metade de 1999 a 2007). Mas a saúde mental desses jovens tem também peso importante nessa equação. No mesmo período, a taxa de suicídio dobrou. Os dados foram divulgados pelo jornal americano The New York Times.

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Apesar de haver maior número de suicídios entre garotos, proporcionalmente o crescimento foi maior entre as meninas. O uso maciço das tecnologias digitais (com a consequente maior exposição às agressões, comparações e diversas formas de violência) e a puberdade chegando mais cedo (com falta de maturidade desses jovens para lidar com essa exposição toda) podem ajudar a entender o que está acontecendo com os mais novos. É bom lembrar que a depressão é uma das principais causas de suicídio, em qualquer faixa de idade.

Para terminar, fica o alerta que muitos jovens “sofrem em silêncio” com depressão, consumo de drogas ou ideias de suicídio. Muitos não contam ou escondem seu estado de família e amigos. Os números revelam a importância de profissionais, pais e escolas estarem mais atentos para a saúde mental dos mais novos. E o que vale para os EUA em parte também vale por aqui.

Fonte: Jornal Estadão – http://saude.estadao.com.br/noticias/geral,depressao-entre-jovens,10000089464

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