Contra as probabilidades

Depoimento

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Quando eu estava nos estágios iniciais de ser diagnosticada bipolar a maioria das pessoas me achava uma inútil. Elas pensavam: esta menina está fora da escola, não consegue se manter num emprego e certamente não pode contribuir para a sociedade. Eu era uma profecia autorrealizável em certo sentido, pensava que não tinha valor algum e assim me tornei mesmo inútil. Eu estava fora da escola havia uns 3 anos e não conseguia manter um emprego, mesmo que fosse o último trabalho existente no planeta. Eu usava drogas e minha vida se tornou insuportável. Quando os meus pais vieram com a alternativa surpreendente de me internar em uma unidade de tratamento de saúde mental e dependência de drogas, desobedeci as regras e consegui que me chutassem para fora. Fugi do hospital durante a minha última internação e muito infeliz, me tranquei no isolamento. Mas foi nesse exato momento que eu decidi que precisava mudar minha vida. Eu precisava de paz de espírito, precisava melhorar a mim mesma e precisava finalmente, desafiar as probabilidades.

Pouco mais de um ano depois da minha última internação, eu tinha completado meu primeiro ano de volta à escola com a média B +. Gosto do emprego de meio período que estou conseguindo manter; trabalho na divulgação e levantamento de fundos para a saúde mental do clube da escola e, o mais emocionante de tudo é que me foi dada a oportunidade de ser voluntária na CAMH-Centre for Addiction and Mental Health (Centro de Dependência e Saúde Mental). Muita gente, eu inclusive,  sente que ser diagnosticada com uma doença mental é uma sentença de morte. E a morte se refere à vida que “estávamos acostumados” viver. Claro que a minha vida deu uma volta completa de 360 ​​graus, mas foi completamente para melhor. Eu me sinto feliz ao olhar de novo no espelho e ver agora que tenho propósito, determinação e ambição. A doença mental não é de forma alguma a “morte” de uma versão diferente de você mesmo. É o lento brotar de um novo, mais saudável e mais feliz você.

Quando eu estava lutando com meu transtorno bipolar pensei que não havia nenhuma chance de viver uma vida feliz e plena. Eu me sentia vítima dos meus sintomas e não queria deixar ninguém entrar, inclusive os médicos. A vida ficou sombria, vazia, sem esperança e principalmente insuportável. Eu nunca via a luz no fim do túnel e então eu apenas agia impulsivamente e me envolvia em um monte de problemas. Não posso dizer-lhe que todo mundo terá aquele momento de definição, mas posso assegurar-lhe que todas as doenças podem ser administradas e todos merecem uma vida feliz e cheia de propósito. Roma não foi construída em um dia e assim você não vai se tornar “melhor” em um dia. É preciso muito trabalho, perseverança, superação e determinação. Com o tempo, os altos e baixos tornam-se muito mais administráveis. Minha vida costumava ser uma montanha-russa e eu nunca sabia o que esperar. Agora a minha vida é um balanço, e embora eu ainda experimente altos e baixos tenho me tornado cada vez melhor em lidar e reconhecer os sinais e sintomas. Eu sou a prova de que qualquer um pode desafiar as probabilidades.

Autora: Ashley Zavitz

Fonte: http://www.ibpf.org/blog/against-odds

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2018-02-02T17:09:11+00:00 17 de junho de 2014|Categorias: Bipolar, Blog, Saúde Mental da Mulher, Sem categoria|Tags: , |4 Comentários

4 Comentários

  1. Renata Morais 26 de junho de 2014 às 15:40 - Responder

    Legal… Embora eu não consiga nem acreditar que consiga ser “normal” novamente, eu gostei de ler porque me identifiquei. Tenho tido mais oscilações de humor do que nunca, estou sem plano de saúde e o SUS aqui esta complicado conseguir ajuda! Que Deus me de forças, pois nao aguento!

    • Equipe Abrata 27 de junho de 2014 às 12:01 - Responder

      Renata

      Lamentamos muito a falta de qualidade que ainda enfrentamos na saúde pública. Infelizmente esta é uma realidade do nosso país. Mas antes de tudo, não deixe de se cuidar, apesar das dificuldades, mantendo um rotina no seu dia a dia com cerca de 08 h de sono, alimentação no horário e claro fazendo uso da medicação. Caso não consiga um psiquiatra, procure por um clínico geral.

      Grande Abraços
      Equipe ABRATA

  2. isadel santos 26 de julho de 2014 às 11:19 - Responder

    Minha filha é bipolar, tem dias que nao sei o que fazer para ajudar, está medicada mas não reage a socializaçao; gostaria de receber publicações, desde ja agradesço.

    • Equipe Abrata 27 de julho de 2014 às 19:01 - Responder

      Olá Isabel

      Frequentemente, a medicação demora algum tempo até fazer efeito e as pessoas se beneficarem dela em sua totalidade. Pode ser útil saber, aproximadamente, com o seu médico sobre quanto tempo a medicação levará para fazer efeito. Agora, para os bons resultados é essencial a pessoa bipolar tomar a sua medicação de forma correta e regularmente, como foi prescrito pelo médico. A tomada irregular da medicação, não fará bem e os benefícios desaperação à medida que a medicação deixa de estar em sistema, no corpo e assim os sintomas da doença reaparecerão.

      No site da ABRATA vc encontrará diversas publicações (folhetos) e mesmo um livro online (GUIA PARA CUIDADORES DA PESSOA BIPOLAR) que poderá baixar em seu computador.
      Veja em: https://www.abrata.org.br/new/folder.aspx

      Veja também em PERGUNTAS FREQUENTES, e tire as suas dúvidas. LinK: https://www.abrata.org.br/new/oqueE/faq.aspx

      Assista os VÍDEOS sobre a doença em: https://www.abrata.org.br/new/video.aspx

      Abraços
      Equipe ABRATA

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