Cinco coisas que os pais que cuidam de crianças com doença mental devem saber

 

CRIANCA

Minhas ansiedades e ataques de pânico começaram no verão antes de quarta série. Meus pais nunca tinham lidado com a doença mental e ficaram tão confusos quanto eu estava e prestes a desordem completa, que estava limitando a minha independência e mudando a personalidade da criança que eles sabiam que eu era. Como um adulto, eu vejo o quão assustador era para os meus pais assistirem ou verem eu me machucar e não entender o que eles poderiam fazer para ajudar. Eu odeio porque não tenho palavras para descrever o que estava acontecendo comigo.

Então, aqui estão algumas dicas para as pessoas que cuidam de crianças com doença mental.

1. Isto pode não ser apenas uma fase.

Esta é uma pergunta difícil, porque com as crianças tudo muda diariamente. Talvez esta seja apenas uma fase. Mas e se não for? O certo, é esperar o melhor, mas não depende de você. Ao reconhecer isso, que pode ser permanentemente em minha vida, você está me mostrando que é apto para ser diferente e aconteça o que acontecer, você vai amar e me apoiar.

2. A doença mental não é racional.

Por favor, entenda quando estou no meio de um episódio, nenhum pensamento racional vai me acalmar. A parte racional do meu cérebro foi desligada e estou em modo de sobrevivência. Ofereça-me a sua presença. Ofereça-me uma mão. Ofereça-me uma distração, mas não me ofereça declarações racionais. Estas, são muitas vezes perturbadoras porque eu sei que eu deveria ser capaz de ver as coisas do jeito que você faz, mas eu não posso. Basta aceitar que eu preciso apenas passar do minuto seguinte, dia ou semana. Apenas uma vez, ao estar de volta em terreno estável poderemos analisar e olhar para as melhores maneiras de lidar com o próximo episódio.

3. Veja no meu passado, por trás dos meus comportamentos, a motivação.

Eu era uma criança com força de vontade para dizer o mínimo. Então, quando a ansiedade e o pânico ameaçaram a minha estabilidade, reagi da única maneira que eu sabia. Eu não me importo com quem eu feri ou o que eu fiz, porque eu estava simplesmente tentando aliviar a ansiedade. As crianças não nascem sabendo como lidar com a doença mental. Por favor, seja paciente. Nós estamos aprendendo como você também está aprendendo. Tire um tempo para analisar por que eu possa estar agindo do jeito que eu estou e, em seguida, gentilmente me redirecionar para um mecanismo de enfrentamento mais positivo.

4. Buscando ajuda externa não está admitindo a falha.

É impossível para os pais saberem tudo, então não espere isso de si mesmo. Às vezes não sabemos o que é necessário ou útil até que alguém nos diz. Não tenha medo de chegar. Muitas doenças mentais podem ser tratadas com terapia e medicação, mas você nunca saberá até que você vá pedir ajuda. Quanto antes melhor.

Seja um advogado para mim. Procure uma comunidade de apoio, e me mostre que há outras crianças que enfrentam os mesmos problemas. Lembre-se, o apoio externo não é só para mim. Tentando cuidar de alguém com tantas variáveis ​​desconhecidas é emocionalmente e fisicamente desgastante. Portanto, não tenha medo de procurar e chegar.

5. Esta não é sua culpa.

Se você não ouvir mais nada, me ouça dizer isso não é culpa sua.  Não há nada que você fez ou não fez para causar, aconteceu. É simplesmente a maneira que ela foi feita, assim como algumas pessoas são feitas com um nódulo ou nasceu com cabelo vermelho. Não se sinta culpado, se você não entende o que é ou você se sente impotente. Me sinto assim muitas vezes e é o que é, está ok. Sei que, simplesmente, você me ajudar a lidar e estar ao meu lado, você terá feito o que pode. No final do dia, será o suficiente para mim!

Fonte: http://themighty.com/2016/07/how-to-care-for-children-with-mental-illness/

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DESTAQUES

5 Comentários

  1. Antonio 30 de julho de 2016 às 20:05 - Responder

    Parabéns. O artigo é importante demais.
    Minha filha começou com ansiedades aos 8 anos. Faz, pouco mais de 9 meses.
    Também percebemos isso no verão passado, quando ela se recusava a se separar da mãe ou mesmo de mim durante as férias, para dormir ou ir brincar na casa de um primo ou amiga_coisas que ela adorava _
    Ela que sempre fora decidida, independente e alto astral estava agora amedrontada e insegura.

    Começaram as aulas no terceiro ano, ela chorava como se nunca tivesse se separado da mãe. Desespero mesmo. Tinha medo que a mãe morresse se ela não estivess epor perto.

    Depois de um mês de aulas e sofrimentos, para todos nós e para escola, sem conseguir fazê-la entrar na sala _ sendo que ela estava naquela escola com os mesmos colegas há três anos, ou seja, ambiente totalmente familiar, inclusive tendo a mãe, que é uma das professoras da escola, estando sempre na sala ao lado_ iniciamos o trabalho com psicologa.

    Momentos dolorosos. Ela não gosta da consulta. Se recusa a ficar sozinha com a psicologa. Levá-la esta sendo um suplício. Além de toda “ajuda” de pessoas a volta que atribuem isso a “manha”, “caprichos”… e nós mesmos , em alguns momentos, também pensamos assim.

    Depois de uns 30 dias ela enfrentou a sala de aula e está comparecendo. No momento está de férias. Espero que retorne sem medos na segunda-feira que vem.

    A família inteira sofre. Ninguém sabe ao certo o que está se passando. A irmã adolescente se sente em segundo plano e se revolta. A esposa está totalmente desnorteada e não ajuda no tratamento , pois sempre favorece a fuga da filha ao invés do enfrentamento construtivo. Nesse aspecto, achei muito interessante a dica 2:”
    A doença mental não é racional.Por favor, entenda quando estou no meio de um episódio, nenhum pensamento racional vai me acalmar.”
    Minha mulher é sempre a mão que segura, não que não sejamos também, mas ela jamais cogitou buscar racionalidade, somente, no meu entender, ” a fuga” do enfrentamento. Isso está trazendo problemas que a psicologa já alertou.

    Aos poucos , bem devagar, com alguns progressos, como a volta a sala de aula e algumas situações relatadas por ela, depois de muito custo, em consultório, avançamos um pouco.
    A relação entre mãe e filha está se mostrando um importante ingrediente dessa situação. A minha filha contou no consultório que o fato da mãe ser extremamente exigente na escola e ser a melhor professora da rede a deixavam com medo de decepcioná-la. Depois disse que a mãe lhe considerava (ela a filha de 8 anos) como
    sua melhor amiga e que andava lhe relatando fatos e tristezas de sua vida passada e atual, dizendo para a filha que já sofreu e sofre demais na vida. A minha filha disse a psicologa que gostaria que a mãe buscasse alguém da idade dela para desabafar, pois ela, sendo uma criança, não sabe resolver tudo e fica muito abalada e temendo pelo sofrimento da mãe.
    Isso foi um marco no tratamento, que foi interrompido pelas férias. A psicologa orientou a mãe a buscar terapia, pois talvez muito da ansiedade diagnosticada seja proveniente dessa relação de amor, mas um tanto conflituosa, entre as duas.
    O fato é que ambas dormem juntas, desde o incio do ano. As vezes que eu tentei separa-las e assumir meu lugar na cama, foi tenso e gerou brigas. É como se fossem uma só. Se separaram de mim e de minha filha adolescente, polarizando a familia.
    Busquei apoio psiquiátrico para mim. E espero minha mulher assuma a terapia dela, que ela reluta veementemente em fazer, mas quer que a filha se submeta a uma, se trate e melhore.
    Fiz esse relato , pois vejo a necessidade enorme de apoio a criança, mas vejo também o quanto o ambiente familiar pode , por vezes, ser o causador direto dessas doenças, gerando filhos problemáticos para a vida futura. Quero que pais reflitam sobre a doença de seus filhos mas também sobre o desempenho de seus papeis na família.
    Antonio

    • Equipe Abrata 30 de julho de 2016 às 20:37 - Responder

      Caro Antonio

      Agradecemos o seu corajoso, real, sensível e amoroso depoimento a partir do olhar paterno, infelizmente um ato muito raro em nossa sociedade.
      O enfrentamento da doença mental no adulto muito aflige a família, numa criança, esse enfrentamento podem tornar-se muito mais dolorosos e o ambiente familiar e os sentimentos que por ele transitam emergem de forma gigantescas e são na maioria das vezes inimagináveis e imensuráveis.
      Um ambiente familiar estressor é prejudicial para qualquer pessoa. No caso da pessoa com transtorno bipolar ou depressão, muitos estudos demonstram que famílias de pacientes bipolares tendem a ter um padrão de comunicação característico, conhecido como “emoção expressa”, em que expressam suas emoções de maneira inadequada, intensa e tendem a serem críticos demais. Uma boa comunicação familiar pode até mesmo ajudar e facilitar a recuperação do paciente. Perguntam sempre a nós: quem sofre mais: a a pessoa diagnosticada com a doença, como a doente ou o familiar? Os dois! É um engano imaginar que o único que sofre nas fases críticas da doença é o paciente e no caso a criança; a família também sofre muito. Por isso é importante que os familiares solicitem orientação sempre que não souber como lidar com uma determinada situação, conversem com o médico e procurem participar de associações como a ABRATA que organizam grupos de apoio mútuo para familiares.
      Luiz Antonio se vc reside em SP, aproveitamos a oportunidade e lhe convidamos para participar do Grupo de Apoio Mútuo aos familiares. Convide a sua esposa também. Eles acontecem na terça, quinta e sábado. Faça a sua inscrição, primeiro para o Grupo de Acolhimento pelo telefone (11) 3256-4831 de 2ª a 6ª feira das, 13h30 às 17h.
      No dia 27 de Agosto – Sábado das 14h às 17h vamos ter uma palestra psicoeducativa com o TEMA – “Crianças e Adolescentes: eles podem ter o diagnóstico de bipolaridade e depressão?” Palestrantes: Drª Sonia Palma, Psiquiatra e Yara Garzuzi, Psicóloga. Local: Auditório da Sub Prefeitura Vila Mariana- R José de Magalhães, 500. Aproveitamos a oportunidade e convidamos a família. Caso não resida em SP, fique atento que após a palestra publicamos o vídeo da palestra na página do Youtube ABRATA.
      Grande abraço
      Equipe ABRATA

      • Antonio 30 de julho de 2016 às 20:56 - Responder

        Obrigado, Equipe! Infelizmente não moramos em SP. Agradeço o incentivo e sigo acompanhando o site, blog, videos e atividades.

        Um abraço

        • Equipe Abrata 30 de julho de 2016 às 23:35 - Responder

          Caro Antonio
          Mais uma vez agradecemos.
          Conte com a ABRATA.
          Abraços
          Equipe ABRATA

          • Luiz Antonio 30 de julho de 2016 às 23:41

            ESSE ESPAÇO É DE UMA AJUDA IMENSURÁVEL!
            VALEU! FORTE ABRAÇO!

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