Psicoterapia cognitiva no tratamento da depressão e do transtorno bipolar

Francisco Lotufo Neto é Profº Associado do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Objetivos e características

A terapia cognitiva tem como função ajudar o paciente a aprender métodos mais efetivos de lidar com pensamentos, sentimentos e comportamentos que lhe trazem desconforto. Além disso, aborda a situação causadora da ansiedade ou depressão e os problemas cognitivos que estão relacionados à origem da perturbação emocional.

O modelo cognitivo propõe que as emoções e comportamentos das pessoas são relacionados a como percebem ou interpretam os eventos. Isto pode ser identificado através de um primeiro nível de pensamento denominado “Pensamento Automático” (PA).

Os pensamentos automáticos podem não ser realistas e muitas vezes contem erros de lógica. Surgem a partir de crenças acerca de si próprias e do mundo, que são desenvolvidas ao longo da vida, geralmente desde a infância. Algumas dessas crenças são centrais, fundamentais para o indivíduo. Elas determinam o entendimento sobre como eu e as coisas “são” e são consideradas verdades absolutas. As situações da vida são em geral interpretadas através de um prisma determinado por estas crenças. Esta interpretação se irreal ou distorcida pode criar ou manter ansiedade e depressão. A avaliação realista e a modificação dos Pensamentos Automáticos Negativos produzem um alívio dos sintomas, porém a melhora duradoura é resultado da modificação das crenças básicas dos pacientes.

Transtorno Bipolar

A Terapia Comportamental Cognitiva para a pessoa portadora do Transtorno Bipolar tem os seguintes objetivos:

Educar pacientes e familiares sobre o Transtorno Bipolar, seu tratamento e suas dificuldades.

Ensinar métodos para monitorar a ocorrência, a gravidade e o curso dos sintomas maníaco-depressivos. Facilitar a aceitação e a cooperação com o tratamento. Oferecer técnicas não medicamentosas para lidar com sintomas e problemas. Ajudar a enfrentar fatores de estresse que estejam interferindo no tratamento. Estimular a aceitação da doença e diminuir o estigma associado ao diagnóstico.

A pessoa aprende a reconhecer padrões de comportamento e pensamento, a ter papel mais ativo no tratamento, a lidar com os problemas que produzem estresse e a reconhecer os sintomas que indiquem que uma recaída pode acontecer, para agir preventivamente.

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