Estabilidade Bipolar – Meios de ir deixando de lado a Vida que planejou para você mesmo

De:  Julie A. Fast

O Transtorno Bipolar é uma doença limitante, e eu sofro pelos ajustes que devo fazer. Mas eu posso viver com o sofrimento. A vida é melhor quando eu estou estável.

Eu realmente nunca me acostumei a ter transtorno bipolar. É um verdadeiro cenário do ovo e da galinha. Eu entendo melhor e aí tento fazer mais coisas e, em seguida, o transtorno bipolar é mais forte e eu volto à realidade de que não posso fazer o que quero e gerenciar a bipolaridade ao mesmo tempo.

Se eu tivesse diabetes, não poderia viver comendo bolo de chocolate. O problema é que eu gostaria de comer bolo de chocolate se tivesse diabetes. Dizer a alguém que não pode ter ou fazer algo, não torna a vida dessa pessoa mais fácil, faz com que seja mais difícil na minha opinião! Se alguém diz “Julie, você deveria fazer isso e aquilo,” meu primeiro pensamento é, “não me diga o que fazer!”

Isso não era apenas imaturidade. Eu não tenho mais 19 anos. Isto era pura e simplesmente desconfiança e estava me levando para um caminho bastante sombrio e perigoso. Eu sabia que tinha que mudar. Eu sabia o quanto eu ficaria triste e iria chorar o que eu estava perdendo, a selvageria e os tempos loucos que eu costumava achar que eram tão divertidos. Eu tive que crescer internamente e dizer chega!!

Aqui eu mostro que fiz isso e continuei a fazer apesar de ainda ter mudanças de humor regulares.

Eu vejo minha administração do transtorno bipolar como uma escolha que eu faço por mim mesma, para ter uma vida melhor. Eu testei os meus limites. Eu vou sair até as 2 da manhã. Isso é melhor do que ficar a noite toda como meus amigos!  Ou, eu só vou beber um pouco, isso não vai fazer uma grande diferença para o meu humor.

Eu parei de fazer esse tipo de raciocínio comigo mesma. Eu decidi ser honesta com o meu próprio comportamento.

Em termos de meus maiores gatilhos, namoro e viagem, tentei fazer tudo o que fosse possível para que eu chegasse à realidade de que namoro e viagem sem um planejamento extensivo me deixam doente. Eu testei tudo por muitos anos. Nada funcionou. Eu sempre adoeci.

Um dia eu tinha acabado de decidir que queria uma vida diferente. Eu decidi – ninguém me forçou. Ninguém me disse que eu tinha que fazer algo, ninguém me disse que eu tinha que mudar se eu quisesse sobreviver. Isso não funciona, como provavelmente você já sabe, dizer a alguém o que ele deve fazer é simplesmente uma opinião. Deseje e tenha esperança que a pessoa vá escutar.

As pessoas com bipolaridade não são muito boas para escutar os outros. Mudança verdadeira. O verdadeiro gerenciamento vem de dentro.

Então eu mudei. Eu decidi que me tornaria celibatária a menos que estivesse em um relacionamento. Isso interrompeu completamente minhas manias, hiper sexualidade, que me deram muitos problemas. Sinto muita falta desse comportamento. Mas não o suficiente para voltar atrás.

Eu mudei minha ideia de festejar, sair com as pessoas que eu gosto, fazer coisas que acho divertidas. As madrugadas de se embebedar e conhecer novas e excitantes pessoas simplesmente tinham que ter um fim, ou eu sabia que minha vida ia ter fim devido aos perigos em que eu me colocava durante a fase maníaca.

A depressão que estava me corroendo estava finalmente administrada com um remédio que eu agora tomo regularmente, mesmo com o ganho de peso.

Pessoas que me faziam mal ou não podiam lidar com o novo estilo de vida tiveram que ir.

Eu lamento minha vida sem consciência. Eu estava doente todo o tempo, mas eu me sentia mais feliz.   Agora eu vivo com moderação. Não é tão selvagem. Eu sofro pela vida que achei que poderia ter. Muitos homens, viagens e trabalhos tanto quanto eu queria. Aquele sonho era só isso um sonho. Não era real. Ninguém deve fazer o que a mania diz que podemos fazer

Eu sofro por ter uma limitação. Eu posso viver com o sofrimento. Todo ano, e já se passaram quase dez anos agora, desde que assumi plenamente o controle do minha bipolaridade, e fica cada vez melhor. A perda é menor, o sofrimento diminuiu. A vida é melhor.

SOBRE O AUTOR

Julie A. Fast é a autora de “Loving Someone with Bipolar Disorder,” “Take Charge of Bipolar Disorder,” “Get it Done When You’re Depressed” and “The Health Cards Treatment System for Bipolar Disorder.” A autora é colunista e blogueira da BP Magazine e da Mental Health America, que foi premiada como a melhor coluna de saúde mental dos Estados Unidos. Julie é certificada pela CEU e treina regularmente profissionais de saúde incluindo residentes psiquiátricos, assistentes sociais, terapeutas e especialistas em habilidades gerais de gestão do transtorno bipolar. Ela foi consultora pessoal da atriz Claire Danes para a série Homeland e tem o registro especializado em saúde mental da Revista People. Você pode encontrar mais informações sobre ela em JulieFast.com e BipolarHappens.com.

Fonte htps: //www.bphope.com/blog/bipolar-stability-means-letting-go-of-the-life-you-pictured-for-yourself/? Fbclid = IwAR3AxkwD0qir4yNTXe1s97usD51ph1HnH5qAYvSMYM2aLAz3eGJxRjiRvr0

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2020-03-27T19:19:03+00:00 27 de março de 2020|Categorias: Blog|Tags: , , , |4 Comentários

4 Comentários

  1. Liliane 29 de abril de 2020 às 10:50 - Responder

    Que artigo!!!! Engraçado como somos pessoas tão distantes porém com a mesma condição. Também estou deixando de lado a vida que “pensava ter escolhido”, só não sabia que se tratava apenas da mania.

    • blogabrata 30 de abril de 2020 às 10:14 - Responder

      Prezada Liliane, realmente a matéria sobre Estabilidade Bipolar – Meios de ir deixando de lado a vida que planejou para vc mesmo,
      de autoriza de Julie A. Fast é muito esclarecedor e possibilita algumas reflexões importantes.
      Agradecemos a sua mensagem, e um grande abraço
      EQUIPE ABRATA

  2. JJuJuJjjJu 15 de novembro de 2020 às 20:05 - Responder

    Sou bipolar e nunca tive uma vida louca.Mas concordo sobre moderação. E estou sem crise há mais de 4 anos! Temos que desmistificar que o bipolar é viciado em drogas e violento. Isso não acontece comigo. E é uma temeridade porque temos personalidades diferentes e vivências também. O preconceito vem dessas informações errôneas que generalizam! E tornam o preconceito gritante!

    • blogabrata 16 de novembro de 2020 às 08:21 - Responder

      Olá JJuJuJjjJu, agradecemos sua mensagem.
      Abs.
      EQUIPE ABRATA

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