Depressão e atividade física

 

atividadeA atividade física regular traz inegáveis ganhos para a saúde física e bem estar, há muito conhecidos. Melhora do funcionamento cardio-vascular e respiratório, prevenção da obesidade, mais força e energia, além da questão estética.

Outros ganhos, tão importantes quanto, são referentes à saúde psíquica. Algumas alterações já bem documentadas são redução da ansiedade, melhora da autoestima, diminuição do estresse.  Mas o benefício da atividade física vai além dos sentimentos e emoções, há ganho também em toda função cognitiva, ou seja, na atenção, memória e planejamento das atividades.  Algumas dessas alterações agem em sintomas muito típicos da depressão. A questão que vamos discutir é exatamente se a atividade física pode contribuir no alívio da sintomatologia depressiva.

Atividade física e neurobiologia

Várias alterações fisiológicas ocorrem durante a realização de atividade física, inclusive no sistema nervoso central. Essas alterações estão relacionadas com os benefícios psíquicos. Uma alteração bem conhecida é a liberação de β-endorfina e de dopamina no cérebro, substâncias que podem contribuir para diminuição da dor e promoção de  bem-estar e prazer.

Outras alterações menos conhecidas são muito interessantes. O exercício físico ativa cascatas intra-celulares e moleculares que aumentam e mantém a plasticidade neuronal, induzindo expressão de genes associados a isso. Plasticidade neuronal é a capacidade que nossos neurônios têm de criar novas conexões (ou desfazer as antigas). Isso é muito importante para o desenvolvimento e aprendizado. Ocorre também a modulação de substâncias antioxidantes intracelulares, que são protetoras para a célula em geral e o DNA em especial. Promove ainda a chamada neurogênese (surgimento de novos neurônios), além de aumentar a vascularização e o metabolismo cerebral.

Como vimos , há várias alterações conhecidas que promovem uma série de efeitos, descritos no quadro abaixo.

atividade 3

Atividade física na depressão

Pesquisadores da Duke University Medical Center observaram que pacientes deprimidos que realizaram atividade física obtiveram alívio sintomático significativo e esses benefícios são mantidos a longo prazo. Dado curioso é que aqueles que se submeteram ao programa de treinamento controlado tiveram resultado ainda melhor do que aqueles que realizaram atividade física no lar .

Vários estudos já demonstraram os benefícios do exercício físico programado na depressão. Contudo o melhor entendimento de seus mecanismos de ação e respostas neurobiológicas é necessário para padronizar e efetivar o exercício como adjuvante aos tratamentos já utilizados e consagrados na depressão.

Pesquisa em andamento no Instituto de Psiquiatria do HC-FMUSP, coordenada pela fisioterapeuta Cristiana Carvalho Siqueira, avalia a influência do exercício físico nas alterações fisiológicas e bioquímicas, assim como na melhora de sintomas associados à depressão.

atividade1

Sem motivação para atividade física?

Realizar a atividade física como quem cumpre uma “obrigação desagradável” em geral acaba em fracasso. A atividade física deve, além de tudo, ser uma fonte de entretenimento. Encontre, entre as inúmeras opções, aquela que te faz bem e também te diverte.

Autores: Dr Fernando Fernandes, médico psiquiatra e pesquisador no Instituto de Psiquiatria da USP | Cristiana Siqueira, fisioterapeuta e mestranda no Instituto de Psiquiatria da USP.

Fonte: www.progruda.com  | http://canalhigea.wordpress.com/2013/03/24/depressao-e-atividade-fisica/

« Voltar

DESTAQUES

Deixe o seu comentário