Auto-Ajuda pela convivência

Feita por Adenéa Gil Martins em nome da ABRATA, com Adriano Persone Prestes de Camargo – Pós Graduando da Faculdade de Medicina da USP, Psicólogo Colaborador do Grupo de Estudos de Doenças Afetivas do Ipq HC-FMUSP, Vice-Presidente do Conselho Executivo da ABRATA.

Muito requisitados pelos nossos associados, os grupos de auto-ajuda são uma nova solução para ajudar no tratamento dos Transtornos Afetivos. Conversamos com o psicólogo Adriano Camargo, que coordena este serviço na ABRATA. O que é um grupo de auto-ajuda?

São grupos pequenos, formados por 10 a 12 pessoas que têm em comum experiências com um mesmo tipo de dificuldade ou problema e se encontram para compartilhar e buscar soluções. No grupo as pessoas compartilham suas vivências, dificuldades, facilidades, etc. Mas, não apenas isto, elas também buscam soluções, só que, juntas. Não é algo mágico e nem sempre as soluções são encontradas facilmente, mas o aspecto terapêutico do grupo também está em buscar juntos a solução. O grupo não é um tratamento, é um coadjuvante ao tratamento medicamentoso e psicoterápico.

Qual é o objetivo do grupo de auto-ajuda?

O Grupo de auto-ajuda possui alguns objetivos, que podem ser percebidos pelos participantes, entre eles promover suporte, as pessoas que participam se sentem amparadas, compreendidas em suas dificuldades, além disso, o grupo é um ponto de encontro para troca de informações, como dicas de leitura, sites na internet, palestras, filmes etc. Assuntos que interessam particularmente àqueles participantes. Um outro aspecto informativo e de aprendizado proporcionado pelo grupo é a troca de conhecimento experiencial, ou seja, o compartilhamento de experiências e soluções de problemas vividos pelos participantes, levando o participante a aprender como lidar com algumas situações do dia a dia. Promover senso de pertencimento é um outro aspecto de nossas reuniões, as pessoas geralmente percebem isto logo no início, elas deixam de se sentir um “E.T.”, “um estranho no ninho” segundo suas próprias palavras.

Quem pode participar?

Portadores, familiares e amigos, todos aqueles que sentem que podem ajudar ou serem ajudados por este formato de grupo, cada um deve estar no seu grupo ou seja os portadores com os portadores, familiares com familiares, assim por diante pois as questões são diferentes, um familiar tem um ponto de vista diferente de um portador sobre a vivência com a doença e vice-versa e em função disso prefere ter a liberdade para falar com seus iguais. Hoje na ABRATA temos grupos apenas para portadores, mas num futuro próximo teremos os grupos de familiares e de amigos.

Quem coordena os grupos?

Quem coordena o grupo é um facilitador, que é um leigo, um portador, nos casos de grupos de portadores, um familiar para os grupos de familiares e um amigo para os grupos de amigos, pois queremos ter um “igual” na coordenação. O facilitador de grupos de auto-ajuda é uma pessoa com algumas características específicas, ele deve ter uma experiência diferenciada com os transtornos afetivos, no caso do portador, ele deve estar estabilizado já há algum tempo, fazer o tratamento corretamente, ter um suporte profissional, com psiquiatra e psicólogo, conhecer a doença, saber lidar com ela e ser uma pessoa atenta às informações, sejam elas científicas ou leigas, sobre os transtornos afetivos. O facilitador recebe um treinamento, dado por mim, para que ele possa se capacitar para esta função, além de participar de reuniões de supervisão e ter um suporte profissional.

O quê existe de resposta na ciência que dá fundamentação para o grupo de auto-ajuda?

Existem vários trabalhos sobre grupos de auto-ajuda, a maioria feita nos Estados Unidos, onde a participação de pessoas em grupos de auto-ajuda é grande. Existem estudos que falam sobre o processo de ajuda do grupo, seu papel suportivo, além do educacional. Pesquisadores verificaram também que os grupos ajudam a reconstrução de uma identidade positiva do portador, o que consequentemente leva os indivíduos a terem mais consciência de seus direitos como cidadão e formarem associações como a ABRATA que busca melhorar a qualidade de vida do portador.

Como participar?

Os interessados devem ligar para a ABRATA no telefone 3256-4831 e se inscrever para uma reunião inicial dos grupos que ocorre toda primeira quinta-feira de cada mês, neste encontro as pessoas vão saber um pouco mais sobre os grupos e se estiverem interessadas em continuar a participar poderão se inscrever para os próximos encontros que serão reuniões menores. Por enquanto os grupos ocorrem apenas na cidade de São Paulo.

Quanto tempo dura a participação?

Os grupos de auto-ajuda são grupos abertos, a pessoa participa quanto tempo desejar, os assuntos tratados nas reuniões começam e terminam ali mesmo naquele encontro, assim quem chega pela primeira vez não vai sentir que perdeu alguma coisa.

Este grupo é uma psicoterapia?

Não ele é diferente de uma psicoterapia, os grupos de auto-ajuda são grupos de apoio, formados por pessoas leigas, o profissional envolvido dá suporte, treinamento, orientação. O que une as pessoas ao grupo é um determinado problema ou situação de vida, no caso os transtornos afetivos e suas conseqüências.

E a psicoterapia?

A psicoterapia de grupo é uma modalidade de psicoterapia onde o psicólogo utiliza técnicas psicológicas para atingir os objetivos do encontro. O profissional dirige o encontro e orienta o paciente em suas necessidades.

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